domingo, 17 de fevereiro de 2013

Estação Vila Inhomorim (Raiz da Serra) - Rio de Janeiro - Magé

Esta foi minha primeira expedição realizada em meados de 2010. Ela foi bem amadora, como pode ser observado em algumas das fotos. Quem já fotografou estações, notará meu amadorismo na qualidade de determinadas fotografias, mas garanto-lhes: depois melhora (eu acho). Então, vamos lá!

Conhecer o Ramal de Saracuruna foi uma grande descoberta para mim. Percorrer seus trilhos foi algo inédito em minha vida, já que estava só acostumado a percorrer o ramal principal - o de Deodoro - nas linhas do trem parador. Um dia, marquei de ir para a ultima estação ligada a Ramal Saracuruna, (sim, Vila Inhomirim fica em outro ramal, que é ligado unicamente pelo Ramal Saracuruna. Já já explicarei melhor sobre isso em termos estruturais e geográficos.)

Fomos eu, minha amiga Beatriz e sua mãe. Chegamos lá bem cedo, os horários de funcionamento são bem escassos, só havendo um número maior de viagens de ida e volta nos horários de pico. Então, se você for um dia lá, vá cedo. Ou então espere por longas horas sentado no banco da estação de Saracuruna.
Ok, mas onde raios fica Vila Inhomirim ou, para os mais chegados, Raiz da Serra (Gosto mais de Raiz da Serra)? Bem, aí vai uma série de mapas para a localização geográfica da estação e cidade. Clique na imagem para melhor visualização.

Localização da Estação em Relação aos Municípios Vizinhos e a Bahia de Guanabara


O centro do distrito de Vila Inhomirim, ligado ao município de Magé
A estação propriamente dita.

Agora, caro leitor, atente a um detalhe na ultima foto: repare que na região em torno da única plataforma da estação existe uma grande área verde descampada e uma marca de duas linhas, que saem da via principal, dando início ao que parecia ser um pátio. Bem, em um passado distante era um pátio mesmo, e muito movimentado por sinal,  te explicarei o porquê.

A estação de Villa Inhomirim existe desde 1856, ou seja, mais de 150 anos (não vou marcar a idade exata, assim o texto não fica desatualizado). Foi integrante da primeira ferrovia do Brasil, a Estrada de Ferro Mauá, fundada dois anos antes,  que serviu como importante rota de passageiros e mercadorias para a cidade de Petrópolis, onde dali o trajeto iniciava-se por diligências. Atingiu seu auge durante a administração da E.F Príncipe Grão Pará e a E. F Leopoldina, onde o trem começou a subir a serra atingindo também as cidades de Petrópolis e Areal. Inhomorim virou um ponto de parada essencial para o início da subida das locomotivas com cremalheira: todos que queriam que subir tinham que parar na estação para trocar de trem ou esperar o acoplamento da outra locomotiva nos carros que vinham do litoral.

Agora observem as fotos a seguir, da para notar melhor a estrutura do antigo pátio e as ruínas da antiga estação:








Agora sim da pra ter noção do tamanho que era o lugar, calculo eu que a área abandonada ultrapasse em duas vezes a área útil, ou seja, plataforma, estação e agência. Na ultima vez que passei por lá, tinham colocado cestas de basquete na área quadricular antes da estação, não é a atividade ideal para uma estação ferroviária, mas é boa alternativa para a utilização do espaço.

Agora que a estação já foi apresentada em seu contexto histórico, como ela está hoje? 

Bem, segue funcionando, porém somente com algumas viagens que partem de Saracuruna, em três carros de passageiros puxados por uma GE U13B, uma locomotiva um pouco ultrapassada para os tempos de hoje, mas é  o que o Brasil e a Supervia possuem, ao menos agora as locomotivas que fazem o trajeto estão reformadas, então elas seguem firmes e fortes desempenhando suas funções.

Chegar lá é uma tarefa um pouco demorada, contando da Central do Brasil, demora-se cerca de 3 horas para chegar ao fim da linha, durante o trajeto existem 25 estações. Até Saracuruna se vai em trens elétricos ou TUE's (Trem Unidade Elétrica), numa média de 70 Km/h, isso quando as linhas estão boas e o próprio trem também está, paradas de sinalização são rotineiras e certa parte do caminho até onde eu sei é feita no sistema "Pare e siga", sim, exatamente isso que você leu, não existe uma linha pra o trem ir e outra para voltar, tudo é feito com apenas uma linha, no trecho das U13B a situação piora e mais regiões como essa aparecem. A velocidade no trecho entre Saracuruna e Vila Inhomirim varia muito, mas não passa dos 50 Km/h, garanto-lhe, mesmo com as locomotivas podendo alcançar o dobro disso, mas se elas forem a essa velocidade, os trilhos não irão suportar, ainda mais em bitola métrica (em breve falarei exclusivamente das Bitolas aqui).

Mas sabe de uma coisa? Mesmo com os problemas e contratempos do caminho, a viagem é muito prazerosa, principalmente no trecho após Saracuruna, sentir o balanço dos carros, o arranco da locomotiva e seu apito inconfundível, colocar o rosto na janela e ver as pessoas passando nas ruas das cidades cortadas pela linha férrea, a mudança de clima provocada pela chegada a base da serra de Petrópolis, a natureza ao redor, tudo. Se alguém quiser um dia sentir como é andar de trem mesmo no Rio de Janeiro, aconselho fazer este passeio, sair do ambiente urbano e ir calmamente a uma lugar calmo e cercado de natureza, e quem sabe, dar um pulo em Petrópolis... fica a 30 min de ônibus da estação.

Para o fim desta postagem, deixo-lhes uma imagem do Pátio de Vila Inhomirim em 1960, alguns anos antes de seus dias de glória acabarem, em 1964, com o fechamento do trecho para a serra, comparem esta foto com as dos dias de hoje, a foto é do acervo da RFFSA:

Acervo da RFFSA - Presente também no livro "A formação das Estradas de Ferro no Rio de Janeiro: O Resgate de sua Memória" de Helio Suêvo Rodriguez  - Memória do Trem - 2004




9 comentários:

  1. Parabéns pela iniciativa do blog. Agora é pé na estrada (de ferro) e registrar tudo. Bom trabalho! :)

    ResponderExcluir
  2. Quando puder faz um post sobre a estação de Paracambi, sempre tive curiosidade de chegar até lá, mas sempre falta tempo, coragem, disposição... hahaha

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Na Lista de Posts haverá um sobre lá, só não há muitas fotos, tive alguns problemas com os seguranças da Supervia, mas vai ter em breve!!

      Excluir
  3. parabéns pelo blog e pelas aventuras...

    ResponderExcluir
  4. Muito legal a sua postagem, gostei muito da sua narrativa!
    Quando participará de uma expedição conosco?
    Abraços e parabéns pelo blog!

    ResponderExcluir
  5. Senhores,
    Apenas um momento nostálgico de uma ferroviária.
    Abraços

    ResponderExcluir
  6. Eu fui lá em Raiz da Serra esses dias la tem uma bica d,agua e o pessoal é bem humilde sem contar que é o pé da serra de Petropolis

    ResponderExcluir
  7. Hoje frequento Miguel Pereira estou na Graduação de Turismo. E conhecer um pouco de Miguel Pereira pela ferrovia seria muito bom. Tentaram colocar o Trem para fazer um pequenino trajeto mas a burocracia está impedindo.

    ResponderExcluir
  8. O Brasil, apesar de tudo, é um pais privilegiado. Se reativasse sua malha ferroviária, abriria espaço maior ao trajeto entre vária cidades. Atira em seu próprio pé.

    ResponderExcluir